domingo, 17 de junho de 2012

Lendas Africanas

                                                                Por: Gabriel da Conceição





LENDAS DOS ORIXÁS: As lendas são fatos míticos contados sobre homens ou deuses. Todos os povos, em todas as épocas do mundo sentiram a necessidade de que seus deuses ou heróis fossem mais fortes, mais poderosos, mais felizes e mais próximos do povo, do que os dos povos vizinhos ou mesmo dos inimigos. Com os Orixás não foi diferente. Histórias lindas e maravilhosas definem os fundamentos e a vida humanizada dos Orixás. O Orixá é considerado um antepassado espiritual. Cada um de nós tem um Orixá, um pai que rege nossa cabeça e nossa vida e alcançaram a divindade através de atos extraordinários que praticaram, passando a manifestarem-se como forças da natureza. 




Nanã: Nanã era rainha de um povo e tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá casou com ela, mas não ligava para a mulher. Então, Nanã fez um feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria, mas, por causa do feitiço, o filho (Omulu) nasceu todo deformado; horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá disse que o filho seria lindo, mas se afastaria dela para correr mundo. E nasceu Oxumaré, que durante 6 meses vive no céu como  o  arco-íris, e nos outros 6 é uma cobra que se arrasta no chão.
 Na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore e então Nanã chamava os Éguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele.   Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu sua entrada no Jardim dos Éguns. Mas Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Éguns que obedecessem "ao homem que vivia com ela "(ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir, mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido.
 Certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não é tão importante assim, torceu com as próprias mãos os animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.










LENDA DE OMOLU/OBALUAÊ: Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Omolu que ficara do lado de fora. Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças. Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o  que  Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.

  Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Omolu, não quer mais dançar com ninguém.

  Em recompensa pelo gesto de Iansã, Omolu dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Omolu declarou que somente dançaria sozinho

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 OXUM: Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Exu e este não queria lhe revelar. Ela então procura na floresta as feiticeiras, chamadas YAMI OXORONGÁ. As feiticeiras perguntam a Oxum o que faz ali e ela lhes pede como enganar a Exu e conseguir o segredo do jogo de búzios. As feiticeiras a muito querendo pregar uma peça a Exu, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado. Oxum concordou e foi procurar Exu.
  Ao chegar perto do reino de Exu, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exu se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exu o cega e arde muito. Exu gritava de dor e dizia;
- Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
Oxum fingindo preocupação, respondia:

- Búzios? Quantos são eles?

- Dezesseis, respondeu Exu, esfregando os olhos.

- Ah! Achei um, é grande!

- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá...
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividí-lo com Exu.









OIA/IANSÃ: Ogum pronto, numa caçada, para abater um imponente búfalo, percebe que de repente a pele do animal se abre de dentro sai à bela Oyá! Linda, ricamente vestida e cheia de ornamentos que valorizavam sua beleza e sensualidade. Ela dobrou a pele do búfalo e o escondeu num formigueiro, dirigindo-se para a cidade. Ogum a seguiu e completamente dominado pela sua beleza propôs-lhe casamento, o que não foi aceito. Ogum, então voltou, pegou a pele no esconderijo e a guardou para si, voltando para a cidade. Quando Oyá descobriu o roubo da pele, voltou a cidade e encontrando Ogum a sua espera, acusou-o, exigiu o que era seu e Ogum nada, fingia-se de tonto, não admitindo nada. Oyá percebeu que teria de render-se e aceitar as propostas de Ogum, se quisesse seus pertences de volta. Mas impôs-lhe três condições:
- Ninguém nunca poderia dizer-lhe diretamente que era um animal;
- Ninguém nunca poderia usar cascas de dendê para fazer fogo; e
-Ninguém nunca poderia rodar um pilão pelo chão da casa.

  Ogum aceitou as condições e se casaram.

  Isso, porém desagradou as demais mulheres de Ogum que passaram a sentir ciúmes da bela Oyá. Ousadamente, após o nono filho de Oyá, e ainda sendo a preferida de Ogum, as demais mulheres resolveram tomar uma atitude.
  Embriagaram Ogum com vinho de palma, e conseguiram que ele lhes contasse o segredo de Iansã. Elas então a acusaram de ser um animal e até lhes disseram onde estavam suas pele, chifres e cascos. Oyá fingiu que não era com ela, mas quando sozinha, correu até o lugar indicado e achou seus pertences. Vestiu-os e eles se ajustaram perfeitamente, retomou a força do animal e com raiva atacou as outras mulheres e as matou. Ela pretendia voltar para a floresta, mas seus filhos a chamavam de volta. Ela então pegou seus chifres e os deu a eles, dizendo-lhes que se algum dia dela precisassem que os tocasse e ela surgiria para defendê-los.





XANGÔ: certa vez, viu-se Xangô acompanhado de seus exércitos frente a frente com um inimigo que tinha ordens de seus superiores de não fazer prisioneiros, as ordens era aniquilar o exército de Xangô, e assim foi feito, aqueles que caiam prisioneiros eram barbaramente aniquilados, destroçados, mutilados e seus pedaços jogados ao pé da montanha onde Xangô estava. Isso provocou a ira de Xangô que num movimento rápido, bate com o seu machado na pedra provocando faíscas que mais pareciam raios. E quanto mais batia mais os raios ganhavam forças e mais inimigos com eles abatia. Tantos foram os raios que todos os inimigos foram vencidos. Pela força do seu machado, mais uma vez Xangô saíra vencedor. Aos prisioneiros, os ministros de Xangô pediam os mesmo tratamento dado aos seus guerreiros, mutilação, atrocidades, destruição total. Com isso não concordou com Xangô.
- Não! O meu ódio não pode ultrapassar os limites da justiça, eram guerreiros cumprindo ordens, seus líderes é quem devem pagar!
  E levantando novamente seu machado em direção ao céu, gerou uma série de raios, dirigindo-os todos, contra os líderes, destruindo-os completamente e em seguida libertou a todos os prisioneiros que fascinados pela maneira de agir de Xangô, passaram a segui-lo e fazer parte de seus exércitos.

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